Sobre a aldeia de Outeiro


O Nordeste Transmontano, protegido por serras e isolado por montes, planaltos e vales verdejantes é terra onde os homens e mulheres souberam proteger ao longo dos tempos o seu legado secular, uma natureza exuberante uma cultura singular e até uma língua ancestral, o mirandês. Da pura rocha, adversária e companheira inseparável, se fez abrigo, arquitectura, património e identidade. Por todo o lado águas puras e cristalinas alimentam fontes, quedas de água, ribeiras e riachos até se unirem nos caudais dos rios Sabor e Maçãs. Por estas terras as estações do ano e os trabalhos agrícolas continuam a marcar o dia-a-dia, aqui onde a natureza é severa e o clima agreste, os homens e animais partilham as dádivas da terra. Mãos hábeis mantêm intactos os cheiros e sabores remotos dos fumeiros, dos produtos mais genuíno e das receitas tradicionais. Aromas que dão as boas vindas a uma região hospitaleira, genuína e preservada que vale a pena descobrir.


Outeiro é uma freguesia portuguesa do concelho de Bragança, com 40,85 km² de área e 301 habitantes (2011). Formada pelos lugares de Outeiro e Paradinha, encontra-se situada a 1km do monte de outeiro, com 789 metros de altitude, a cerca de 2 quilómetros a Oeste da margem direita do rio de Maçãs e cerca de 4,7km a Este da margem esquerda do rio Sabor.
Outeiro é “terra de gente de bem”, como César Garrido diz no seu meritório “Apontamento Monográfico”. É “gente com uma crença acérrima no sobrenatural, que vê nas forças da natureza a linha do seu destino, que teme o grasnar do corvo e o uivar do cão mas que nunca vira a cara à luta”. Durante “o Inverno, o termo da freguesia apresenta um lindo tom verdejante de trigais que empresta à paisagem uma extraordinária beleza, contrastando profundamente com a cor acastanhada das árvores despidas. Na Primavera são os batatais e as árvores verdejantes em flor, vestidas de gala, que dão um certo ar de paraíso, de paz e doçura”. Depois há ainda “os seus bosquezinhos, os lameiros verdejantes onde pastam pachorrentas turinas, as suas fontes, os seus montes e vales animados pelo murmúrio sussurrante de tortuosos regatos rumorejantes, que formam um conjunto de grande harmonia e rara beleza”. É no meio de toda esta beleza que se avista um picoto coroado por umas impressivas ruínas. É o castelo da antiga vila de Outeiro, outrora cabeça de um alargado e importante concelho. Além da fortaleza, ainda se conservam alguns testemunhos do glorioso passado desta freguesia: a modesta casa camarária, o antigo tribunal, a velhinha matriz, a formosa e imponente capela do Santo Cristo e o esbelto Pelourinho, símbolo da sua autonomia municipal.

Foi vila e sede de concelho entre 1514 e 1853. Designou-se em tempos Outeiro de Miranda referida no foral manuelino outorgado em 11 de Novembro de 1514. Era constituído pelas freguesias de Milhão, Outeiro, Quintanilha, Rio Frio, Argozelo, Carção, Pinelo, Santulhão, Paço, Paradinha do Outeiro e Veigas. Tinha, em 1801, 4 302 habitantes. Após as reformas administrativas do início do liberalismo foram-lhe anexadas as freguesias de Angueiras e Avelanoso. Tinha, em 1849, 4 801 habitantes.

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